os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse

8.11.06

Perdedores.


O dia de ontem foi marcado pelas eleições americanas, cuja influência é tal que há quem sugira meio a sério meio a brincar que o assunto é importante demais para ser decidido só por eles.
Desta vez não houve milagres de última hora para contrariar as sondagens e os republicanos perderam mesmo a Câmara dos Representantes e provavelmente o Senado.
Não lhes valeu a roda viva em que Bush passou os últimos dias, nem a gafe de John Kerry ou a sentença de Saddam. Não lhes valeu usar o medo como arma eleitoral, nem o recurso a truques pouco edificantes como os negative adds ou até insinuar o suposto anti-patriotismo de alguns democratas (por se atreverem a discordar do rumo seguido no Iraque ou do uso de tortura nos interrogatórios de suspeitos). Não houve voto evangélico salvador.
Visto de fora, nem sequer se pode dizer que o mérito é inteiramente dos democratas mas sim da conjugação entre o crescente número de baixas americanas no Iraque (agravado pela percepção cada vez mais clara de que não há uma estratégia para resolver o futuro do país, quanto mais torná-lo num exemplo de democracia...) e o acumular de escândalos comprometedores envolvendo alguns dos principais elementos do Partido Republicano.

Dá-me vontade de rir as teorias que começam a circular por aí (nos blogues do costume) de que quem está contente com este resultado só pode ser o povo de esquerda que festeja as vitórias de Lula e simpatiza com Castro, Morales ou Chavéz. É tão fácil meter tudo no mesmo saco e brandir a estafada acusação de anti-americanismo primário. Eu, que estou contente porque Bush e a sua doutrina perderam, não aceito esse rótulo.
Pode ser um excesso de optimismo ou até ingenuidade, mas acredito que a partir de 2008 o próximo Presidente (seja ele o republicano McCain ou a democrata Hillary) não cometerá os mesmos erros de Bush, mesmo que a política externa dos EUA se mantenha mais ou menos igual.

2 comentários:

Nómada Global disse...

Concordo com a perspectiva.

Mas agora os aspectos práticos:
- Iraque: ninguém no seu perfeito juízo pode defender uma retirada apressada das tropas americanas. Por muitos que sejam os erros, as aldrabices, os enganos, o Iraque não tem condições para ficar sozinho à mercê das trupes radicais, do Irão, etc. Até que haja alguma ordem naquele território, os americanos têm de lá ficar. Por muito errada que tenha sido a invasão. Agora é tarde. Os democratas não têm o poder, neste momento, e pelo menos directamente, para exigir uma rápida retirada do Iraque. Mas podem sim reprovar os fundos necessárias à manutenção da operação, o que no final irá dar ao mesmo. Alguém deseja mesmo que o Iraque fique entregue a radicais adeptos das limpezasétnicas? Por muito anti-bush que se seja, os iraquianos moderados merecem ser apoiados e defendidos. Digo eu.

- Muro anti-imigrante com o México: Já não avançará. Os democratas não vão aprovar os fundos. Resolvido.

Em 2008, será o Obama? A Hillary? O Gore? Kerry? Há tantos. Mas dependendo das decisões que os democratas agora tomem no senado e congresso, virá o sucesso ou insucesso da campanha presidencial democrata. Começa hoje. E toca-nos a todos apoiar uma mudança naquele país. Porque sim, são decisões demasiados importantes para as deixarmos a eles.

wolverine disse...

Nómada,
apesar de algumas vozes mais exaltadas e dissonantes, a verdade é que os democratas com maior peso (como a H. Clinton) já disseram várias vezes que não são por uma saída à pressa do Iraque.
Parece-me provável o cenário que alguns analistas apontam dum Iraque tipo federação, concertado entre EUA, xiitas, sunitas, curdos e Irão.
O wishfull thinking de Rumsfeld e Wolfowizt ("uma democracia que iluminaria o Médio Oriente") é cada vez mais uma miragem.

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