os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse

8.12.08

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aviso prévio: disse há alguns posts atrás que tomamos consciência da morte quando temos filhos. uma das coisas que surge sempre quando se fala sobre esse momento é como queremos que ele se processe nos seus diversos rituais sejam estes religiosos ou sociais. este post pretende apenas e só deixar escrito aquilo que me apetece a mim, aqui e agora no momento em que o escrevo, e não presume nada acerca dos desejos ou convicções daqueles que o lêem. acrescento ainda que digo o que digo depois de ler isto , donde roubo insolentemente esta pérola:




quando eu morrer batam em latas, disse um dia mário sá carneiro roubando para todo o sempre a qualquer um de nós a possibilidade de o gritarmos pela primeira vez. vai daí, e apesar de a minha presunção me levar a tentar usar outras palavras e não apenas essas, saibam caso eu me perca em adjectivos e figuras de estilo que a ideia principal é a mesma e não outra.

não quero missa, porque entre outras razões tal seria ao mesmo tempo a primeira e a última vez que assistiria a uma na totalidade. não quero perto de mim padres ou leituras de textos de escrituras ou hossanas ou améns e sinos também não quero. se música houver e a solenidade do momento não permitir que passem ainda que só uma vez o hino do porto então deixem tocar bem alto o buena vista social club ou bem baixo o requiem de mozart. levem ou não cruzes e crucifixos e benzam-se se se essa for a vossa vontade. vistam roupas confortáveis e sapatos simpáticos que permitam estar de pé porque não quero, do além, ser causador de bolhas ou calosidades. quanto a mim não me vistam o fato que tenho nem as gravatas que me apertam mas deixem-me antes estar de levi´s e de t-shirt. não me ponham em igrejas frias e escuras ou salas assépticas de funerárias, deixem-me antes estar ainda que só um pouco mais em casa e quando o tempo chegar levem-me num carro bem colorido até ao crematório mais próximo porque não quero caixas de madeira com terra em cima e também não quero gavetas de mármore e também não quero placas com epitáfios pífios. saibam ainda que não quero ficar numa urna em cima da lareira ou fechado num armário. juntem-se em bando e espalhem as cinzas num rio ou num lago ou no mar. ao 7º dia, ou ao 4º ou ao 5º ou em qualquer um deles desde que seja um sábado ou domingo ou feriado, juntem-se novamente à volta de uma mesa e beijem-se e abracem-se e comam se fome tiverem. sirvam tremoços e amendoins e azeitonas e certifiquem-se que haja francesinhas e camarão e alheira. bebam finos e vinho tinto a prazer e se vos der para isso contem uns aos outros histórias vossas e minhas. sejam, se puderem, inconvenientes e evitem a todo o custo os silêncios incómodos e pomposamente pesarosos mas nunca em tempo ou lugar algum se refiram a mim como o falecido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Fantástico!

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