os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse
29.9.06
28.9.06
Quando o tédio ataca...
Hoje ouvi na rádio que a cada segundo que passa nasce um blog novo no mundo.
Pensei que a cada segundo que passa haverá também nascimentos, mortes, casamentos, divórcios, baptizados, bar mitzvahs, agressões, assaltos, beijos e orgasmos.
Talvez um dez enfim cem mosquitos que morrem espalmados num qualquer pára-brisas automóvel.
A cada segundo que passa nasce então um blog novo no mundo, ou num fraseamento talvez mais correcto, um mundo novo num blog. Teremos assim tanto para dizer? Tantas opiniões diferentes sobre as mesmas coisas? Será que, no meio deste infinito mar de gente que acha que tem algo para dizer, haverá ainda alguém verdadeiramente disponível para ouvir?
Será só um entretém, um passatempo, vá lá um hobbie como agora se diz. Servirá como válvula de escape. Talvez enquanto andamos neste corropio de posts, links e comentários, neste círculo vicioso, nestas voltas de 360 graus, não nos sobre tempo para parar e para pensar por exemplo na porra de dia que tivemos, ou na vontade que temos de (nem que seja por breves instantes) ser outra coisa qualquer, desde que diferente, desde que não esta mesma coisa de sempre.
Ser gaja em vez de gajo, velho em vez de novo ou de meia idade, bêbado em vez de sóbrio, sei lá bem, trolha como o ambrósio da areosa.
Ignorem o teor pseudo melancólico-revoltado das linhas anteriores. A realidade, nua e crua como aliás deve ser sempre, é que há dias que não deviam nascer. Dias que têm mais horas que os outros, dias em que os segundos demoram minutos a passar.
A cada segundo que passa nasce um blog novo no mundo.
Bem-vindo.
Pensei que a cada segundo que passa haverá também nascimentos, mortes, casamentos, divórcios, baptizados, bar mitzvahs, agressões, assaltos, beijos e orgasmos.
Talvez um dez enfim cem mosquitos que morrem espalmados num qualquer pára-brisas automóvel.
A cada segundo que passa nasce então um blog novo no mundo, ou num fraseamento talvez mais correcto, um mundo novo num blog. Teremos assim tanto para dizer? Tantas opiniões diferentes sobre as mesmas coisas? Será que, no meio deste infinito mar de gente que acha que tem algo para dizer, haverá ainda alguém verdadeiramente disponível para ouvir?
Será só um entretém, um passatempo, vá lá um hobbie como agora se diz. Servirá como válvula de escape. Talvez enquanto andamos neste corropio de posts, links e comentários, neste círculo vicioso, nestas voltas de 360 graus, não nos sobre tempo para parar e para pensar por exemplo na porra de dia que tivemos, ou na vontade que temos de (nem que seja por breves instantes) ser outra coisa qualquer, desde que diferente, desde que não esta mesma coisa de sempre.
Ser gaja em vez de gajo, velho em vez de novo ou de meia idade, bêbado em vez de sóbrio, sei lá bem, trolha como o ambrósio da areosa.
Ignorem o teor pseudo melancólico-revoltado das linhas anteriores. A realidade, nua e crua como aliás deve ser sempre, é que há dias que não deviam nascer. Dias que têm mais horas que os outros, dias em que os segundos demoram minutos a passar.
A cada segundo que passa nasce um blog novo no mundo.
Bem-vindo.
06.10.02 21.15
Quem me acompanha?
Não se desculpem com: filhos embirrentos, mulheres possessivas, namoradas ciumentas, passeios do cão, trabalhos inadiáveis, problemas gástricos, luas de mel prolongadas, indisposições de última hora, idas ou vindas do dentista, viagens longas, preços dos bilhetes, furos nos pneus, pressões da arbitragem, condições climatéricas, estado do relvado, ah e tal,...
27.9.06
Actualidades.
- A intenção do governo de instituir taxas moderadoras por acto cirúrgico ou dia de internamento é um erro (contrariamente às taxas de acesso às urgências), pois implica pagamentos por actos que não decorrem por inteiro da vontade do paciente mas sim de decisões médicas. Para aqueles de vós que aceitam o princípio do utilizador/pagador como justificação para esta medida, diria que a este ritmo, e sendo fiel à lógica da coisa, tudo o que é tendencialmente gratuito será pago, o que quanto mais não seja me deixa a pensar porque raio pagamos impostos.
- Não votei em Cavaco Silva, mas reconheço sem dificuldade (e já agora sem surpresa) que a sua acção nestes primeiros 6 meses tem sido globalmente positiva. Ontem, na sua primeira visita de estado, e contrariando a prática política instituída de debitar generalidades e fugir a temas polémicos, CS discursou no senado espanhol e protestou contra o evidente proteccionismo económico que grassa daquele lado da fronteira. É duvidoso que sirva de alguma coisa, mas teve o mérito de mostrar que o homem pelo menos tem cojones.
- Não votei em Cavaco Silva, mas reconheço sem dificuldade (e já agora sem surpresa) que a sua acção nestes primeiros 6 meses tem sido globalmente positiva. Ontem, na sua primeira visita de estado, e contrariando a prática política instituída de debitar generalidades e fugir a temas polémicos, CS discursou no senado espanhol e protestou contra o evidente proteccionismo económico que grassa daquele lado da fronteira. É duvidoso que sirva de alguma coisa, mas teve o mérito de mostrar que o homem pelo menos tem cojones.
26.9.06
22.9.06
21.9.06
Crenças.
Não acredito no destino. Não acredito que a cronologia e sequência dos acontecimentos em que participamos já esteja previamente escrita num qualquer sítio, seja este o paraíso bem lá acima das mais altas das nuvens ou as profundezas malinas dos quintos dos infernos.
Como explicar então tantos acasos e coincidências, tantos encontros e desencontros às vezes tão improváveis que lá surge o destino, inevitável como ele só, como única explicação satisfatória?
Acho que somos exactamente como moléculas num espaço fechado,
orbitamos,
circulamos,
cirandamos,
e de repente zás trás pás
lá batemos uns nos outros.
Demasiado prosaico? Talvez sim.
Talvez já estivesse determinado que eu iria um dia escrever este post.
Talvez seja mesmo verdade que "quem tem de morrer de um tiro não morre de uma facada".
Como explicar então tantos acasos e coincidências, tantos encontros e desencontros às vezes tão improváveis que lá surge o destino, inevitável como ele só, como única explicação satisfatória?
Acho que somos exactamente como moléculas num espaço fechado,
orbitamos,
circulamos,
cirandamos,
e de repente zás trás pás
lá batemos uns nos outros.
Demasiado prosaico? Talvez sim.
Talvez já estivesse determinado que eu iria um dia escrever este post.
Talvez seja mesmo verdade que "quem tem de morrer de um tiro não morre de uma facada".
20.9.06
Impedimentos.
Intróito.
Outro dia tive o duvidoso privilégio de ver aquele senhor que guarda o seu dinheiro na conta de um sobrinho taxista na Suiça a reagir a uma notícia do novo semanário Sol, que dava conta dos seus continuados problemas com a justiça. Disse o energúmeno que o referido jornal é um pasquim dirigido por amigos do Dr. Marques Mendes, que têm por objectivo transformar este último em Primeiro-Ministro.
Fim do intróito.
Uma das coisas que melhor diferencia uma democracia de um regime anárquico é a existência de regras, de limites que visam impedir/regular determinados comportamentos.
Uma dessas regras estipula que um cidadão só se pode candidatar à Presidência da República depois de atingir os 35 anos de idade. Ora, pensando em Marques Mendes, ocorre-me num cínico acesso de descriminação avulsa que um tipo para ser Primeiro-Ministro devia obrigatoriamente ter mais que 1,70. Na mesma linha de raciocínio, e por uma questão de boa representação do país, devia estar consagrada na lei a obrigação das nossas atletas andarem sempre bem depiladas (tudo para evitar que mais crianças se vejam traumatizadas para todo o sempre com imagens como os sovacos peludíssimos da Rosa Mota ou o viçoso buço alourado da Fernanda Ribeiro).
Continuando, e assim ao correr da pena, sugiro que:
, tipos como o Castelo Branco deviam ser impedidos de sair do país ou de regressar caso já estivessem lá fora
, o Luís Represas seja terminantemente proibido de gravar mais músicas e de cantar novamente "A próxima vez"
, cidadãos com o nome de Armando Vara, Santana Lopes ou Joaquim Pina Moura se vejam impedidos de exercer na função pública
, toda a discografia infantil da Ana Malhoa seja apreendida e queimada, de preferência em conjunto com as suas tangas à leopardo
, indivíduos com bigode não possam comer sopa em público
, seja proibido aos homens a possibilidade de usarem t-shirts caviadas.
Outro dia tive o duvidoso privilégio de ver aquele senhor que guarda o seu dinheiro na conta de um sobrinho taxista na Suiça a reagir a uma notícia do novo semanário Sol, que dava conta dos seus continuados problemas com a justiça. Disse o energúmeno que o referido jornal é um pasquim dirigido por amigos do Dr. Marques Mendes, que têm por objectivo transformar este último em Primeiro-Ministro.
Fim do intróito.
Uma das coisas que melhor diferencia uma democracia de um regime anárquico é a existência de regras, de limites que visam impedir/regular determinados comportamentos.
Uma dessas regras estipula que um cidadão só se pode candidatar à Presidência da República depois de atingir os 35 anos de idade. Ora, pensando em Marques Mendes, ocorre-me num cínico acesso de descriminação avulsa que um tipo para ser Primeiro-Ministro devia obrigatoriamente ter mais que 1,70. Na mesma linha de raciocínio, e por uma questão de boa representação do país, devia estar consagrada na lei a obrigação das nossas atletas andarem sempre bem depiladas (tudo para evitar que mais crianças se vejam traumatizadas para todo o sempre com imagens como os sovacos peludíssimos da Rosa Mota ou o viçoso buço alourado da Fernanda Ribeiro).
Continuando, e assim ao correr da pena, sugiro que:
, tipos como o Castelo Branco deviam ser impedidos de sair do país ou de regressar caso já estivessem lá fora
, o Luís Represas seja terminantemente proibido de gravar mais músicas e de cantar novamente "A próxima vez"
, cidadãos com o nome de Armando Vara, Santana Lopes ou Joaquim Pina Moura se vejam impedidos de exercer na função pública
, toda a discografia infantil da Ana Malhoa seja apreendida e queimada, de preferência em conjunto com as suas tangas à leopardo
, indivíduos com bigode não possam comer sopa em público
, seja proibido aos homens a possibilidade de usarem t-shirts caviadas.
19.9.06
La Haine - Mathieu Kassovitz
18.9.06
O valor das palavras.
Hoje ouvi um tipo na rádio (um daqueles em que o título académico já quase faz parte do nome próprio) contar uma história em que entre outras coisas se ficou a saber que a sua nora o trata por tio. Assim mesmo, sem tirar nem pôr. O tio isto, o tio aquilo. Confesso que não compreendo. Aliás da mesma forma que não compreendo que por exemplo alguém possa chamar pai e mãe aos sogros ou até filho/filha a um genro ou nora, por mais que se goste dessa pessoa.
Talvez porque sinto, lá bem no fundinho daquelas células onde se sentem os sentimentos mais profundos, que há palavras que têm muita força, palavras que representam algo ou alguém único e insubstituível. Diz a cantilena que mãe é a maior palavra pequena que o mundo tem. Diz a sabedoria popular que mãe há só uma e que tem uma mãe tem tudo. O mesmo se aplica à utilização da palavra pai ou mesmo da palavra filho/a. Para mim são termos que representam não só ligações biológicas e laços familiares mas fundamentalmente afectos, carinhos, paixões mesmo. Não tem nada de banal ou de corriqueiro e não deviam portanto estar ao sabor dos usos e formalismos do jet-set ou das convenções e contextos sociais. Nem na foz do Porto nem na linha de Cascais.
P.S.- Acabei de reler o que escrevi. Não pretendo armar-me em polícia da linguagem ou fiscal das relações dos outros, mas a verdade é que isto me eriça um bocado os pêlos, a mim, tripeiro criado no hábito do tu (e não do você) e ensinado a chamar os bois pelos nomes.
Talvez porque sinto, lá bem no fundinho daquelas células onde se sentem os sentimentos mais profundos, que há palavras que têm muita força, palavras que representam algo ou alguém único e insubstituível. Diz a cantilena que mãe é a maior palavra pequena que o mundo tem. Diz a sabedoria popular que mãe há só uma e que tem uma mãe tem tudo. O mesmo se aplica à utilização da palavra pai ou mesmo da palavra filho/a. Para mim são termos que representam não só ligações biológicas e laços familiares mas fundamentalmente afectos, carinhos, paixões mesmo. Não tem nada de banal ou de corriqueiro e não deviam portanto estar ao sabor dos usos e formalismos do jet-set ou das convenções e contextos sociais. Nem na foz do Porto nem na linha de Cascais.
P.S.- Acabei de reler o que escrevi. Não pretendo armar-me em polícia da linguagem ou fiscal das relações dos outros, mas a verdade é que isto me eriça um bocado os pêlos, a mim, tripeiro criado no hábito do tu (e não do você) e ensinado a chamar os bois pelos nomes.
17.9.06
...
De há uns anos para cá os grandes estúdios de Hollywood re-descobriram o filão das adaptações de comics.
Superman voltou agora mas na realidade já tem umas décadas, tal como Batman. Mais recentemente surgiram os X-Men, o Homem-Aranha, o Quarteto Fantástico e até o menos conhecido Spawn. De todas estes projectos aquele que foi para mim mais surpreendente quer pela qualidade do filme quer pela dificuldade da adaptação foi Sin City, a genial obra de Frank Miller (tal como disse aqui e para quem ainda não conhece, aconselho o filme e especialmente os livros).
Ontem tive oportunidade de ver este V for Vendetta, baseado numa série de banda desenhada (que infelizmente nunca li) criada por um tipo chamado Alan Moore.
A acção tem lugar numa Inglaterra futurista governada por um tirano autoritário, que usa a tecnologia para controlar a população e o medo para a manter submissa. Tudo assumidamente inspirado portanto no 1984 de George Orwell.
É impossível ver a forma como as liberdades individuais estão aqui limitadas em nome da segurança contra o terrorismo e não relacionar com o contexto actual (e futuro...) da nossa própria realidade. Acrescente-se a tudo isto actores como Natalie Portman e Stephen Rea, e uma produção a cargo dos irmãos Wachowski (o nome não me era estranho mas tive que ir pesquisar para confirmar que são mesmo os da trilogia Matrix) e temos um filme a não perder
(cujo único ponto negativo é a ausência de quaisquer extras na versão de aluguer).
Fica a sugestão.
11.9.06
U.S.Open - versão "dáma"
O desportista do ano...
Há poucas horas...
Bem sei que ainda estamos em Setembro. Bem sei que há outros desportos em que vamos assistindo a desempenhos fabulosos. Sei tudo isso, mas mesmo assim permitam-me voltar a falar de Roger Federer.
Não tenho dúvidas que tal como vemos hoje muita gente a falar de homens como Pélé, Fangio, Wilt Chamberlain, Muhamad Ali, etc..., por terem marcado uma era em cada uma das suas áreas, daqui a muitos anos hão-de estar na berlinda tipos como Maradona, Jordan, Tiger, Schumacher, etc...
Na minha modalidade, eu que cresci de raquete na mão, ainda hoje se fala de Laver e de Borg. Daqui a 50 anos nomes como Sampras e Agassi vão também certamente fazer parte desta lista de nomes míticos, mas ainda assim é preciso deixar bem claro que aquilo a que temos assistido nos últimos 3 anos é algo que ultrapassa tudo o que está para trás.
Com apenas 25 anos, Federer já tem 9 títulos do Grand Slam (4 Wimbledon, 3 US Open, 2 Australian Open). Hoje tornou-se o único homem na história do ténis a ganhar Wimbledon e o US Open 3 anos seguidos. Igualou (para já...) o recorde de Ivan Lendl ao atingir 10 meias-finais consecutivas em grand-slam's e já vai com 6 finais seguidas. Das 10 vezes em que atingiu a final de um destes 4 míticos torneios ganhou nada mais nada menos que 9, só tendo perdido este ano em Roland Garros (o único que lhe escapa...) para Rafael Nadal. Como se isto não fosse suficiente, acrescente-se ainda que já ganhou torneios das Masters series em todas as diferentes superfícies, que é o indiscutível número um dos 3 últimos anos, que já é considerado por quase todos como o melhor tenista de sempre e que fora dos courts é um dos tipos mais simpáticos do circuito profissional.
Tudo isto naquela que é provavelmente a modalidade individual mais competiviva que existe, tão exigente do ponto de vista físico como qualquer outra e talvez acima de todas em termos mentais. Sem ajudas de companheiros para disfarçar um dia mau, nem de decisões arbitrais que possam alterar o vencedor de um qualquer jogo.
Perdoem-me o entusiasmo quase infantil, o talvez dispensável resumo que fiz do curriculum do homem e o exagerado desfiar de elogios, mas isto é (na inimitável expressão inglesa) history in the making.
Bem sei que ainda estamos em Setembro. Bem sei que há outros desportos em que vamos assistindo a desempenhos fabulosos. Sei tudo isso, mas mesmo assim permitam-me voltar a falar de Roger Federer.
Não tenho dúvidas que tal como vemos hoje muita gente a falar de homens como Pélé, Fangio, Wilt Chamberlain, Muhamad Ali, etc..., por terem marcado uma era em cada uma das suas áreas, daqui a muitos anos hão-de estar na berlinda tipos como Maradona, Jordan, Tiger, Schumacher, etc...
Na minha modalidade, eu que cresci de raquete na mão, ainda hoje se fala de Laver e de Borg. Daqui a 50 anos nomes como Sampras e Agassi vão também certamente fazer parte desta lista de nomes míticos, mas ainda assim é preciso deixar bem claro que aquilo a que temos assistido nos últimos 3 anos é algo que ultrapassa tudo o que está para trás.
Com apenas 25 anos, Federer já tem 9 títulos do Grand Slam (4 Wimbledon, 3 US Open, 2 Australian Open). Hoje tornou-se o único homem na história do ténis a ganhar Wimbledon e o US Open 3 anos seguidos. Igualou (para já...) o recorde de Ivan Lendl ao atingir 10 meias-finais consecutivas em grand-slam's e já vai com 6 finais seguidas. Das 10 vezes em que atingiu a final de um destes 4 míticos torneios ganhou nada mais nada menos que 9, só tendo perdido este ano em Roland Garros (o único que lhe escapa...) para Rafael Nadal. Como se isto não fosse suficiente, acrescente-se ainda que já ganhou torneios das Masters series em todas as diferentes superfícies, que é o indiscutível número um dos 3 últimos anos, que já é considerado por quase todos como o melhor tenista de sempre e que fora dos courts é um dos tipos mais simpáticos do circuito profissional.
Tudo isto naquela que é provavelmente a modalidade individual mais competiviva que existe, tão exigente do ponto de vista físico como qualquer outra e talvez acima de todas em termos mentais. Sem ajudas de companheiros para disfarçar um dia mau, nem de decisões arbitrais que possam alterar o vencedor de um qualquer jogo.
Perdoem-me o entusiasmo quase infantil, o talvez dispensável resumo que fiz do curriculum do homem e o exagerado desfiar de elogios, mas isto é (na inimitável expressão inglesa) history in the making.
7.9.06
Crónicas de uma paixão...e demais histórias associadas.
Confesso que tenho alguma dificuldade em lembrar-me da minha primeira vez. Não porque tenha corrido especialmente mal ou já agora especialmente bem, mas sim porque foi há muito tempo. Foi numa altura em que os bigodes, daqueles farfalhudos sempre com restos de sopa a morar nos cantos, ainda estavam na moda, em que o Carlos Cruz era só o apresentador do 1,2,3 com a sua inesquecível bota botilde, em que ainda havia escudos e em que tínhamos de vencer filas de carros à espera dos controlos fronteiriços quando íamos comprar caramelos a Espanha,
daqueles que se colavam de forma malina ao dentes e ao céu da boca.
Julgo que tudo começou em S. Pedro de Moel, rodeado por pais e tios e primos e avós, mas confesso que àparte um incidente que envolveu a minha avó, as minhas partes pudendas e uma panela de sopa a ferver, tudo o resto está envolto em névoa. Mais tarde recordo umas curtas idas a Esmoriz, com o seu belo ringue de futebol e a sua mosquitada mal intencionada, mas fora estes dois casos não tenho memórias muito vivas do início do meu percurso como campista.
Salto, assim sendo, para os meus 16 anos e para a 1ª experiência de férias só com amigos. O local escolhido, porque terá sido?, foi a então pacata vila alentejana da Zambujeira do Mar, à qual só chegávamos depois de uma aparentemente interminável viagem de autocarro Porto-Lisboa-Zambujeira. A bela da camioneta despejáva-nos na praça central e lá zarpávamos nós, estranha e desorganizada caravana de camelos carregados como mulas a arrastar, na marra e na garra próprias da inconsciência e inconstância da tenra idade, malas, tendas e até almofadas (??), nessa curta rota de 1,5 Km de alcatrão que nos separava do el-dorado, que nesta história tomava a forma de um bastante reles parque de campismo. Como se alguém se tivesse sentado um dia à sua secretária e querido acrescentar drama a esta película de série B ou talvez testar de alguma forma as teorias darwinianas, diga-se ainda que a camioneta chegava às 21h45m e a recepção do camping fechava às 22h. Depois da correria, e conseguida a tão almejada admissão no parque, as tendas eram montadas no meio do breu, com pedras a servir de martelos, mas nunca sem que antes nos envolvéssemos na eterna discussão o sol põe-se além logo nasce acolá consequente para ter sombra este local é bom e aquele é mau vê-se logo que tu não percebes bolha desta merda. Invariavelmente tínhamos logo no dia seguinte o duvidoso privilégio de constatar que de facto os adolescentes acneicos percebem muito pouco de pontos cardeais e órbitas solares. Sem colchões de jeito, as noites eram passadas a experimentar cuidada e demoradamente todas as irregularidades e calhaus do solo alentejano. Dessa 1ª experiência guardo a rotina das rondas nocturnas pelos bares da vila e da obrigatória passagem final pelo Clube da Praia. Alcoolizados mas quase sempre felizes, voltávamos às tantas para o parque mas antes do descanso dos guerreiros havia ainda tempo e vontade para jogar umas memoráveis cartadas, quase sempre King, sentados nas estradas do parque sob as ténues mas fiéis luzes de lampiões tristes e sós. Para lá do normal correr atrás de rabos de saias, em que uns privilegiavam a fauna local e outros atacavam as estranjas, à lá Camarinha destemido, (diga-se a talho de foice que a maior parte das caçadas acabava com a fuga inglória da presa), o que mais recordo é a fome que passávamos. Mais dados à bola e demais actividades testosterónicas, praticamente nenhum de nós tinha aproveitado a vontade de ensinar culinária básica à prole que anima todas as mães. Assim sendo, a ementa diária ia de sandes de atum àquelas refeições pré-cozinhadas (por mais que viva não mais esquecerei o esforço sobre-humano que foi engolir o conteúdo de uma latinha de dobrada fria), porque o dinheiro era pouco, à justa para pagar viagens, parque e bebidas. Não posso assegurar em que dia foi, 3º?, 4º?, mas uma tarde em que estávamos estendidos na praia, meio ressacados e literalmente com o estômago colado às costas, o JB e eu decidimos subir aquela longa escadaria, ir à primeira esplanada, mandar a lógica económica às urtigas e investir tudo numa refeição. Sentámo-nos, escolhemos, e preparávamo-nos para fazer a via sacra da espera pela comida, quando o tipo que estava duas mesas ao lado se levantou e foi embora, deixando bem no centro da mesa metade de uma dose de batatas fritas. Mudos mas atentos, tivemos os dois o mesmo instinto, animal, primário, tão velho quanto o Homem, e quando o rapaz passou por nós com o intuito de levar os restos da dose de batatas para dentro, a fome venceu facilmente a vergonha e os pruridos higiénicos. Fosse pelo invulgar da situação ou simplesmente por ter percebido o nosso desespero, a verdade é que ele se limitou a esboçar um largo sorriso e sem dizer nada lá pousou os restos meio comidos daquelas maravilhosas french fries, um manjar como poucos tive desde então.
Lembro-me ainda do meu espanto inicial sempre que alguém com quem entabulava uma conversa me dizia logo ah mas tu és do Porto. De vez em quando, como é próprio destas idades, os bacocos orgulhos regionais vinham ao de cima e lá nos envolvíamos em disputas verbais com malta de Lisboa, que acabavam com um desafinado coro de vozes a cantar ao desafio o Cheira bem, cheira a Lisboa e o Porto Sentido. Para os anais da história ficou também um célebre jantar no Casino da Ursa, julgo que já no 2º ano de acampamentos, passado a ver uma final da supertaça Porto-Benfica. Mesmo com a casa cheia e a deitar por fora, a nossa mesa era a única de portistas, e à medida que o dramatismo do jogo ia subindo as picardias aumentavam de tom, em paralelo com o correr das canecas de vinhaça da casa. Depois de um empate, a 2?, chegou-se aos penalties. Tendo começado a perder, o Pinto da Costa agarrou-se ao crucifixo e à imagem da Santa, ajoelhou-se na relva e por entre rezas de uns e lágrimas de outros lá acabámos por dar a volta à coisa e ganhar o caneco (a algazarra que se seguiu foi de tal ordem que fomos expulsos por um proprietário, com evidente dor de cotovelo).
continua...
daqueles que se colavam de forma malina ao dentes e ao céu da boca.
Julgo que tudo começou em S. Pedro de Moel, rodeado por pais e tios e primos e avós, mas confesso que àparte um incidente que envolveu a minha avó, as minhas partes pudendas e uma panela de sopa a ferver, tudo o resto está envolto em névoa. Mais tarde recordo umas curtas idas a Esmoriz, com o seu belo ringue de futebol e a sua mosquitada mal intencionada, mas fora estes dois casos não tenho memórias muito vivas do início do meu percurso como campista.
Salto, assim sendo, para os meus 16 anos e para a 1ª experiência de férias só com amigos. O local escolhido, porque terá sido?, foi a então pacata vila alentejana da Zambujeira do Mar, à qual só chegávamos depois de uma aparentemente interminável viagem de autocarro Porto-Lisboa-Zambujeira. A bela da camioneta despejáva-nos na praça central e lá zarpávamos nós, estranha e desorganizada caravana de camelos carregados como mulas a arrastar, na marra e na garra próprias da inconsciência e inconstância da tenra idade, malas, tendas e até almofadas (??), nessa curta rota de 1,5 Km de alcatrão que nos separava do el-dorado, que nesta história tomava a forma de um bastante reles parque de campismo. Como se alguém se tivesse sentado um dia à sua secretária e querido acrescentar drama a esta película de série B ou talvez testar de alguma forma as teorias darwinianas, diga-se ainda que a camioneta chegava às 21h45m e a recepção do camping fechava às 22h. Depois da correria, e conseguida a tão almejada admissão no parque, as tendas eram montadas no meio do breu, com pedras a servir de martelos, mas nunca sem que antes nos envolvéssemos na eterna discussão o sol põe-se além logo nasce acolá consequente para ter sombra este local é bom e aquele é mau vê-se logo que tu não percebes bolha desta merda. Invariavelmente tínhamos logo no dia seguinte o duvidoso privilégio de constatar que de facto os adolescentes acneicos percebem muito pouco de pontos cardeais e órbitas solares. Sem colchões de jeito, as noites eram passadas a experimentar cuidada e demoradamente todas as irregularidades e calhaus do solo alentejano. Dessa 1ª experiência guardo a rotina das rondas nocturnas pelos bares da vila e da obrigatória passagem final pelo Clube da Praia. Alcoolizados mas quase sempre felizes, voltávamos às tantas para o parque mas antes do descanso dos guerreiros havia ainda tempo e vontade para jogar umas memoráveis cartadas, quase sempre King, sentados nas estradas do parque sob as ténues mas fiéis luzes de lampiões tristes e sós. Para lá do normal correr atrás de rabos de saias, em que uns privilegiavam a fauna local e outros atacavam as estranjas, à lá Camarinha destemido, (diga-se a talho de foice que a maior parte das caçadas acabava com a fuga inglória da presa), o que mais recordo é a fome que passávamos. Mais dados à bola e demais actividades testosterónicas, praticamente nenhum de nós tinha aproveitado a vontade de ensinar culinária básica à prole que anima todas as mães. Assim sendo, a ementa diária ia de sandes de atum àquelas refeições pré-cozinhadas (por mais que viva não mais esquecerei o esforço sobre-humano que foi engolir o conteúdo de uma latinha de dobrada fria), porque o dinheiro era pouco, à justa para pagar viagens, parque e bebidas. Não posso assegurar em que dia foi, 3º?, 4º?, mas uma tarde em que estávamos estendidos na praia, meio ressacados e literalmente com o estômago colado às costas, o JB e eu decidimos subir aquela longa escadaria, ir à primeira esplanada, mandar a lógica económica às urtigas e investir tudo numa refeição. Sentámo-nos, escolhemos, e preparávamo-nos para fazer a via sacra da espera pela comida, quando o tipo que estava duas mesas ao lado se levantou e foi embora, deixando bem no centro da mesa metade de uma dose de batatas fritas. Mudos mas atentos, tivemos os dois o mesmo instinto, animal, primário, tão velho quanto o Homem, e quando o rapaz passou por nós com o intuito de levar os restos da dose de batatas para dentro, a fome venceu facilmente a vergonha e os pruridos higiénicos. Fosse pelo invulgar da situação ou simplesmente por ter percebido o nosso desespero, a verdade é que ele se limitou a esboçar um largo sorriso e sem dizer nada lá pousou os restos meio comidos daquelas maravilhosas french fries, um manjar como poucos tive desde então.
Lembro-me ainda do meu espanto inicial sempre que alguém com quem entabulava uma conversa me dizia logo ah mas tu és do Porto. De vez em quando, como é próprio destas idades, os bacocos orgulhos regionais vinham ao de cima e lá nos envolvíamos em disputas verbais com malta de Lisboa, que acabavam com um desafinado coro de vozes a cantar ao desafio o Cheira bem, cheira a Lisboa e o Porto Sentido. Para os anais da história ficou também um célebre jantar no Casino da Ursa, julgo que já no 2º ano de acampamentos, passado a ver uma final da supertaça Porto-Benfica. Mesmo com a casa cheia e a deitar por fora, a nossa mesa era a única de portistas, e à medida que o dramatismo do jogo ia subindo as picardias aumentavam de tom, em paralelo com o correr das canecas de vinhaça da casa. Depois de um empate, a 2?, chegou-se aos penalties. Tendo começado a perder, o Pinto da Costa agarrou-se ao crucifixo e à imagem da Santa, ajoelhou-se na relva e por entre rezas de uns e lágrimas de outros lá acabámos por dar a volta à coisa e ganhar o caneco (a algazarra que se seguiu foi de tal ordem que fomos expulsos por um proprietário, com evidente dor de cotovelo).
continua...
4.9.06
???
Estão a matar a bola...
O caos em que vai vivendo o nosso futebol é tão parecido com um circo e os diferentes protagonistas parecem tão obstinados em se comportarem como palhaços que até um gajo como eu, fanático desde o berço pelo chamado desporto-rei, começa a estar saturado e diria mesmo, heresia das heresias, com uma preocupante falta de vontade para prestar atenção ao jogo em si.
Posto isto, e como forma de evitar perder demasiado tempo com isto, limito-me a sugerir aos interessados sobre o Caso Mateus que consultem posts e comentários neste blog amigo .
Quanto ao resto não resisto a linkar este artigo sobre o novo e tantas vezes auto-proclamado campeão da seriedade, moral e bons costumes do nosso futebol, e este outro artigo sobre o velho e aparentemente eterno rosto do sistema, propalado campeão do jogo sujo e da trapaça, enfim responsável-mor pela corrupção no nosso futebol.
Depois de tentar provar que o Porto de Mourinho, vencedor da UEFA e da Champions, necessitava de comprar as arbitragens para levar de vencida adversários como o Estrela e o Beira-Mar, com o campeonato quase matematicamente assegurado, o que resta agora ao Ministério Público? Emitir um comunicado dizendo que não tem dúvidas que o Jorge Nuno é corrupto, mas infelizmente, por estupidez ou incompetência, não é capaz de o provar. É que já não há paciência para ver arrastar durante anos a fio o nome do homem como arguido e depois concluirem não ter matéria para avançar. Para isso, já chegavam os últimos 20 anos de conversas de café por esse país fora.
Posto isto, e como forma de evitar perder demasiado tempo com isto, limito-me a sugerir aos interessados sobre o Caso Mateus que consultem posts e comentários neste blog amigo .
Quanto ao resto não resisto a linkar este artigo sobre o novo e tantas vezes auto-proclamado campeão da seriedade, moral e bons costumes do nosso futebol, e este outro artigo sobre o velho e aparentemente eterno rosto do sistema, propalado campeão do jogo sujo e da trapaça, enfim responsável-mor pela corrupção no nosso futebol.
Depois de tentar provar que o Porto de Mourinho, vencedor da UEFA e da Champions, necessitava de comprar as arbitragens para levar de vencida adversários como o Estrela e o Beira-Mar, com o campeonato quase matematicamente assegurado, o que resta agora ao Ministério Público? Emitir um comunicado dizendo que não tem dúvidas que o Jorge Nuno é corrupto, mas infelizmente, por estupidez ou incompetência, não é capaz de o provar. É que já não há paciência para ver arrastar durante anos a fio o nome do homem como arguido e depois concluirem não ter matéria para avançar. Para isso, já chegavam os últimos 20 anos de conversas de café por esse país fora.
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