Fui há dias à do Porto, quase por acaso e só porque dei comigo nas proximidades.
Tempos houve em que aguardava com alguma ansiedade este tipo de eventos que me serviam mais para conhecer novos autores e novas editoras do que propriamente para poupar alguns tostões. No entanto, desde que a feira abandonou os jardins e se passou a realizar no interior do Palácio que algo mudou. Por contraponto à memória (talvez pouco real?) de estar com agrado na feira e até de lá ir mais do que uma vez, agora a sensação predominante é um desconforto avassalador que começa logo à entrada, onde a péssima refrigeração do ambiente se soma à pequenez dos corredores. Presumo que seja para contrariar o imediato impulso de fugir que a organização coloca a porta de saída do lado oposto, literalmente obrigando o visitante a atravessar toda a exposição. Enfim, no meio de muitos encontrões e tipo sardinhas em cardumes sobrepovoados lá se vai fazendo o caminho. As paragens são necessariamente poucas, o tempo e a vontade de folhear livros ou conversar com os expositores é quase inexistente e o final da experiência é recebido com um suspiro de alívio. Duvido muito que alguém no seu perfeito juízo goste disto, por mais que adore livros ou que tenha algum interesse nas conferências que por lá se vão promovendo.
Contrariamente ao que há anos se ouve por aí não acho que o problema esteja só no modelo mas também no tipo de espaço em que se organiza um evento assim. E não falo só de ser ao ar livre para que se possa respirar. Falo também de criar espaços amplos, zonas de escapatória, diversas entradas e saídas que permitam fluir de forma menos condicionada. E porque não acrescentar zonas de chill out, esplanadas dignas desse nome para tornar a visita mais agradável?
É que caso contrário porque carga de água é que havemos de ir aos 15 dias de feira do livro se temos uma FNAC disponível o ano inteiro?
p.s. 1 - ouvi dizer que uma das vantagens da terraplanagem que fizeram na Praça da Liberdade seria a possibilidade de organizar coisas deste estilo. Caso não esteja demasiado ocupado com as suas corridas de automóveis seria óptimo que Rui Rio conseguisse concretizar essa ideia.
p.s. 2– mesmo irritado, suado e apertado não resisti a aproveitar alguns preços baixos e para além de uns livros para o J. acabei por comprar 2 para mim:
- Casei com um comunista – Philip Roth
- Meridiano de sangue ou o crepúsculo vermelho no oeste – Cormac McCarthy
os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse
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