Não tinha, até hoje, dado à minha opinião (pelo menos aqui no blog) sobre o caso da licenciatura de José Sócrates. Confesso que estava à espera de ouvir o que o homem tinha para dizer, de viva voz e em directo, sem comunicados ou acessores de imprensa pelo meio. A entrevista de hoje na RTP, que alguns irão certamente classificar ou pelo menos insinuar como sendo "arranjada" ou "escolhida" a dedo, foi conduzida por 2 dos meus jornalistas preferidos, insuspeitos de serem pressionáveis. Terminada a mesma, fico com estas sensações:
1-o PM demorou tempo a mais para vir a terreiro defender-se, dando azo a que se instalasse na sociedade uma certa desconfiança. Foi até algo penoso que aquilo que deveria ter sido uma análise de 2 anos de governação se tenha tornado em boa parte num "julgamento" com Sócrates como réu. As explicações dadas pareceram-me satisfatórias.
2-acho que Sócrates aproveitou certas facilidades dadas por algumas Universidades privadas para este, digamos, tipo de alunos (é aliás significativo que muitos deputados só tenham concluído os cursos já depois de chegarem à Assembleia). Talvez um plano de estudos menos exigente, talvez até exames mais fáceis. Não duvido que tenha sido esta a razão fundamental para que ele tenha escolhido a Uni e não vejo nisso nada de especialmente grave, dado que até à data não há uma única prova consistente de ilegalidade ou tratamento diferenciado em relação a outros alunos da mesma instituição.
3-num processo que vive de discrepâncias nos registos e nas declarações dos diferentes intervenientes, acho que é importante não esquecer que a história nasceu na blogosfera em 2005!!! e que o Público (da Sonae) só pegou nela alguns dias depois de o governo ter supostamente contribuído para o chumbo da OPA (da Sonae) sobre a PT. Também significativo é o facto de o mesmo Público (da Sonae) ter lançado uma notícia on-line, supostamente complicada para o PM, uns minutos antes da início da entrevista. (Acham que este parágrafo representa uma insinuação? Sim, sem dúvida, mas nem mais nem menos que a própria investigação sobre o caso. Limitei-me a constatar simples factos, que permitem interpretações mais ou menos crédulas.)
4-é absolutamente nojento que uns minutos após o fim da entrevista, Marques Mendes, em vez de criticar o desempenho do PM em áreas como o emprego, economia ou saúde, venha tentar cavalgar a onda exigindo uma "investigação por uma entidade independente".
p.s.- à laia de declaração de intenções, fica dito para quem ainda não saiba que eu votei em Sócrates e que acho globalmente positivo o saldo destes 2 anos de governo (apesar de ter sérias dúvidas sobre OTA's e TGV's...)
os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse
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1 comentário:
Fiquei feliz com a Entrevista do Sócrates. Porque o homem se aguentou muito bem, no meio da malta do Rebimbó-malho!
Esta gente, que atravessa "transversal e obliquamente" a sociedade portuguesa, anda à cata do que quer que seja que lhes dê o sentir de que está tudo mal e assim impedir qualquer mudança, defendendo o princípio de que: se alguém cometeu alguma vez um pequeno erro, não serve para liderar o que quer que seja.
Somos um país à espera que um Deus nos governe e como não vislumbramos um que nos aguente, desenterramos um qualquer "todo poderoso", que já não nos possa tocar e endeusamo-lo: VIVA SALAZAR!"
O sr. Marques Mendes vê muito curto e entra no grupo do "Rebimbó-Malho". Livre-nos Deus de quem usa o argumento de "qualquer argumento serve, para os nossos fins".
Eu até critico, a balda que foi e que ainda é o nosso Ensino e critico algumas das práticas das Instituições que geram o oportunismo dos alunos, mas uma coisa não tem a ver com a outra.
É fundamental que as Instituições caminhem no sentido de maior responsabilidade e autonomia dos órgãos do Governo.
Mas esse, é um caminho que implica conceitos de cidadania dos seus intervenientes, mais evoluidos que os actuais, e eu não creio que a população universitária os tenha mais desenvolvidos que a do Governo.
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