Anderson Luís de Abreu já não é jogador do F.C. Porto. Um tubarão europeu de seu nome Manchester United acaba de o levar. Segundo dizem as primeiras notícias, 25 milhões de euros foi o valor acordado...
Que desilusão!
Numa altura em que o FCP nos convida a renovar o lugar anual, como vou eu fazê-lo sem o futuro melhor jogador do mundo no meu clube??? Já imaginava a próxima época como a época da afirmação definitiva pois esta, com a lesão, quase não deu para saborear...
Esta operação foi um banho bem gelado para o Chelsea FC a quem o Anderson encaixava como uma luva! Apetece dizer: "Mourinho, viste-lhe a matrícula?"
Neste mesmo dia, Nani (um outro jogador que muito admiro) rumou ao mesmo clube. Segundo dizem as primeiras notícias, 25,5 milhões de euros foi o valor acordado... Duas notas apenas:
- A cláusula de rescisão do Nani era de 20 milhões de euros. Voltamos os tempos do Sr. Vale e Azevedo? Querem atirar areia para os olhos de quem? Estão a chamar o quê aos dirigentes do "ManUnited"?
- O Nani já é um valor seguríssimo, na minha opinião. Mas não vale mais que o Anderson... Este último é mesmo fortíssimo candidato a melhor do mundo a breve trecho...
Voltando ao meu clube, vou-me sentar no palanque e observar se, mais uma vez, a SAD portista não vai saber aproveitar este balão de oxigénio económico...
Em relação ao menino prodígio brasileiro, o que mais me entristece é pensar que ele, daqui a uns anos, não se lembrará do FCP...
E o Quaresma? Vamos conseguir aguentá-lo?
os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse
30.5.07
29.5.07
Definição de "anti-portista"
...é ser benfiquista e ficar feliz pela vitória do Sporting na Taça de Portugal só porque nós portistas íamos torcer pelo Belenenses...
Esta pessoa existe mas, como é óbvio, o seu primeiro clube é o anti-FCP e não o S. L. Benfica...
Desde que ontem ouvi isto, nunca mais aceitarei que me considerem adepto "anti-qualquer clube" só porque quero que esse clube perca um jogo qualquer...
Esta pessoa existe mas, como é óbvio, o seu primeiro clube é o anti-FCP e não o S. L. Benfica...
Desde que ontem ouvi isto, nunca mais aceitarei que me considerem adepto "anti-qualquer clube" só porque quero que esse clube perca um jogo qualquer...
27.5.07
Calcanhar de Madjer foi há 20 anos...
Há 20 atrás, 27 de Maio foi uma 4ª feira. Uma 4ª feira que nunca mais esquecerei e que é sem dúvida alguma um dos dias mais felizes da minha vida. Tinha então 11 anos e por os nossos pais serem amigos, acabei por ir parar a casa dos pais do JB em frente da Xai-Xai a partir das 19h45 até não sei que horas porque, sinceramente, não me lembro bem do que se passou depois do apito final do árbitro Alexis Ponnet... Estava eu, o meu falecido pai, a minha mãe, a minha irmã, mais os pais e irmãos do JB e ainda se não me engano a família vizinha com quem o JB se dava bem (o P., a J. e respectivos pais) todos na sala onde muitas vezes jogamos ZX Spectrum.
Depois de termos derrotado na meia-final o mais que favorito Dínamo de Kiev que na altura representava quase 100% da selecção da antiga URSS, o sonho era grande, mas os alemães do Bayern de Munique cedo acalmaram as nossas expectativas marcando o primeiro golo antes das meia hora.
Mas a minha juventude, fazia-me acreditar na reviravolta fosse qual fosse o adversário. Na 1ª parte, jogamos pouquinho, parecendo que a equipa estava mais interessada em perder por poucos. Mas a 2ª parte trouxe um FCP totalmente diferente para muito melhor. As oportunidades sucediam-se mas a bola teimava em não entrar na baliza do Jean Marie Pfaff... Os minutos passavam, o Futre tem uma jogada inesquecível que foi uma pena não ter resultado em golo porque seria o melhor golo das finais...O 1-0 teimava em se manter, até que, por volta do minuto 75... Num assalto de superstição, resolvo dizer "Vou para o quarto ver na outra televisão para dar sorte" e lá fui. Ao minuto 77, Madjer marca o célebre golo de calcanhar que mudaria a história do futebol português além fronteiras. Senti uma alegria indescritível e recordo-me de ter vindo à sala onde estavam todos aos saltos e abraçados. Recordo-me de rodopiar deitado no chão da entrada da casa dos pais do JB e só por sorte não me magoei nas pernas de uma mesa ou armário que para lá tinha. (Na altura pensei no meio daquela excitação descontrolada se algum dia iria esquecer aquele festejo... Pelo vistos não!).
Com o jogo a recomeçar com a bola a meio campo e as pessoas na sala a dizerem-me "deste sorte!" eu resolvi voltar para o quarto porque a minha missão ainda não estava cumprida e um verdadeiro supersticioso mantém a receita! Voltei então para o quarto para "ver se dou outra vez sorte" e ali chegado dá-se a outra jogada genial do Madjer que culmina com o golo do Juary que nos veio a dar a 1ª Taça dos Clubes Campeões Europeus. Claro está que acabei nos Aliados onde já tinha estado a festejar a passagem à final.
Na altura, os meus pais tinham um vídeo-gravador de cassetes de sistema BETA e eu resolvi deixar a gravar a final na mesma cassete em que tinha gravado a 2ªmão da meia-final em Kiev. Como não estávamos em casa, gravou intervalo e tudo e por esse motivo a fita acabou a 1 minuto do fim não tendo gravado os célebres festejos do João Pinto.
Durante meses, revi o vídeo vezes sem conta, mas mesmo assim, ainda hoje, ao rever os lances dos golos, sinto um arrepio pelo corpo todo!
Na altura, como é óbvio, reclamei para mim uma ajudinha ao FCP ao ter feito aquela mudança táctica que deu sorte. O nosso amigo JB que, à época, era um menino invejoso e que tinha a mania que era mais inteligente, até numa altura destas, retorquiu "Não, não deste sorte! Estavas era a dar azar na sala..."
Como nota final, aquando da nossa chegada à final de Gelsenkirschen há 3 anos, a RTPN repetiu jogos dessa célebre caminhada de 1987. Confesso-vos que ao rever a 1ªmão da meia final no estádio das Antas contra o Dínamo de Kiev - eu estive lá - me desiludi pois não tinha ideia que jogávamos um futebolzinho tão aos "repelões" e à espera de uma iniciativa individual que à 10ª tentativa lá tivesse êxito. O Dínamo de Kiev jogava um futebol espectacular onde cada jogador sabia bem o que tinha que fazer, com triangulações "a régua e esquadro"... O nosso era um futebol operário salpicado por alguns génios como o Futre e o Madjer... Outros tempos! Hoje percebo ainda melhor a importância daquele feito e tenho perfeita noção que foi realmente uma vitória de David contra Golias...
25.5.07
Eu: I(57%) S(55%) T(60%) P(55%)
Para este fim de semana, proponho-vos este teste de personalidade bastante interessante e com resultados bastante credíveis...
Os resultados estão aqui.
Estamos sempre a tempo de mudar de vida, como diria o cabeleireiro de Fiscal...
Os resultados estão aqui.
Estamos sempre a tempo de mudar de vida, como diria o cabeleireiro de Fiscal...
23.5.07
22.5.07
Foi você que pediu um Porto, Ferreira?
O que aconteceria se a 1ª e 2ª voltas do FCP fossem trocadas? Isto é, se fosse na 2ª volta que o Porto tivesse conseguido ganhar 13 vezes e só perder e empatar uma?
Será que o Jesualdo teria "ido com a santa" antes do Natal? Será que a desculpa de não ter feito a pré-temporada com a equipa lhe teria valido de alguma coisa? Será que nesta altura era melhor treinador do que é agora? Será que duvidariam da sua continuidade para a próxima temporada?
A tendenciosa combinação de multiplas variáveis torna obviamente falível qualquer uma das respostas. Para mim o que é certo é que ele ganhou um campeonato que se sabia à partida que tinha 30 jornadas, e não 29 jornadas e 45 minutos, como muitos gostariam.
21.5.07
22. Bi. 13 em 20.
Depois de 45 minutos com um pouco de samba e muito de drama, na 2ª parte só deu tango. Tocado com muito coração e com uma garra que esteve ausente nas últimas semanas. Dizem que LIsandro é argentino, mas olhando para a forma como corre e como luta eu diria que ele nasceu algures entre a Sé e Ribeira.
Já não sei quem disse que no Porto qualquer treinador se arrisca a ser campeão. Depois de Adriaanse, Jesualdo veio novamente provar que isso é verdade. É óbvio que deve continuar e não deixa de ser sintomático da forma como a comunicação social trata o FCP que essa questão tenha sido ontem tão levantada. Acho que muitas vezes lê mal o jogo, acho que lidou mal com a pausa natalícia e fez (ou deixou fazer...) contratações mais que duvidosas, mas liderou o grupo e o balneário (sim, sim, com a ajuda do Baía mas isso também é mérito do treinador) e resistiu às pressões e às capas de jornais dos últimos meses. E acima de tudo, num ano em que pura e simplesmente não tivemos presidente, foi Jesualdo que carregou com tudo às costas.
Não é nem de perto nem de longe o melhor jogador do campeonato nem sequer da equipa. Não joga bonito e é até meio tosco com os pés mas quando falha levanta-se e volta a tentar uma e outra vez, sempre com um meio sorriso nos lábios. Quiseram mandá-lo embora, com ameaças de que não ia jogar nem mais um minuto, mas o homem é persistente e tem uma aparentemente inabalável fé nas suas capacidades. Assim, quando Postiga desapareceu perdido em inúmeros protestos e foras-de-jogo, quando Bruno Moraes mostrou que não passa de um brinca-na-areia e quando Renteria nos deixou a pensar que Janeiro serve para pagar favores a empresários, foi a Adriano que Jesualdo teve de recorrer e foi ele que foi marcando os golos que nos aguentaram à frente do campeonato.
Pepe e Quaresma foram essenciais, mas contra tudo e todos, o homem do título é Adriano, o patinho feio.
p.s.- Contra o Nacional roubaram-nos um golo e um penalty. Ontem no jogo do tudo ou nada o 1-1 é ilegal, há um penalty sobre o Jorginho e uma agressão não punida sobre o Adriano. Tudo bem. Mas e se fosse ao contrário?
Já não sei quem disse que no Porto qualquer treinador se arrisca a ser campeão. Depois de Adriaanse, Jesualdo veio novamente provar que isso é verdade. É óbvio que deve continuar e não deixa de ser sintomático da forma como a comunicação social trata o FCP que essa questão tenha sido ontem tão levantada. Acho que muitas vezes lê mal o jogo, acho que lidou mal com a pausa natalícia e fez (ou deixou fazer...) contratações mais que duvidosas, mas liderou o grupo e o balneário (sim, sim, com a ajuda do Baía mas isso também é mérito do treinador) e resistiu às pressões e às capas de jornais dos últimos meses. E acima de tudo, num ano em que pura e simplesmente não tivemos presidente, foi Jesualdo que carregou com tudo às costas.
Não é nem de perto nem de longe o melhor jogador do campeonato nem sequer da equipa. Não joga bonito e é até meio tosco com os pés mas quando falha levanta-se e volta a tentar uma e outra vez, sempre com um meio sorriso nos lábios. Quiseram mandá-lo embora, com ameaças de que não ia jogar nem mais um minuto, mas o homem é persistente e tem uma aparentemente inabalável fé nas suas capacidades. Assim, quando Postiga desapareceu perdido em inúmeros protestos e foras-de-jogo, quando Bruno Moraes mostrou que não passa de um brinca-na-areia e quando Renteria nos deixou a pensar que Janeiro serve para pagar favores a empresários, foi a Adriano que Jesualdo teve de recorrer e foi ele que foi marcando os golos que nos aguentaram à frente do campeonato.
Pepe e Quaresma foram essenciais, mas contra tudo e todos, o homem do título é Adriano, o patinho feio.
p.s.- Contra o Nacional roubaram-nos um golo e um penalty. Ontem no jogo do tudo ou nada o 1-1 é ilegal, há um penalty sobre o Jorginho e uma agressão não punida sobre o Adriano. Tudo bem. Mas e se fosse ao contrário?
20.5.07
19.5.07
A 1 jornada do fim. O meu 11 ideal da liga 2006-2007.
15.5.07
13.5.07
11.5.07
10.5.07
Perplexidades
hoje ao almoço esta com uns colegas de trabalho...
...um dizia que era o Pina Moura era uma vergonha... primeiro por ter ido trabalhar para Iberdrola após ter descaradamente beneficiado essa empresa quando foi ministro... e depois por ter aceite o lugar na Prisa... e que no caso do Balsemão é diferente porque ele foi empresário de Media toda a vida, mesmo antes de ter entrado na política...
... passados uns minutos o mesmo colega dizia que a entrevista ao Sócrates na RTP1 foi uma vergonha... que os jornalistas estavam notoriamente muito mal preparados, deixando o 1º Ministro à vontade durante todo o trabalho... só haveria 2 explicações possíveis para este facto, ou foram incompetentes ou o governo exerceu a sua influência sobre a RTP...
... passado uns minutos expressei a minha estupefacção por todos nos queixarmos da corrupção reinante no nosso país mas não agirmos em conformidade... apontei como exemplo o caso de Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro, que apesar de serem suspeitos de práticas de corrupção durante os seus mandatos (ou no caso de VL no desempenho de outras funções de interesse público), foram reeleitos pelas populações de Oeiras, Felgueiras e Gondomar... responderam-me que no caso do Isaltino Morais, que era o que conheciam melhor, comprendiam o voto da população de Oeiras devido a tudo aquilo que o homem já fez pelo concelho... diziam-me que IM transformou Oeiras no concelho com melhor qualidade de vida em Portugal e que por isso as suas actividades corruptas podem ser relativizadas... que "no fundo receber luvas de empresários não é roubar o erário público", que "eles ganha tão pouco e fez tanto por Oeiras que é comprensivel que queira um pouco para ele", que "ele fez muito por Oeiras e o que ele roubou dá muito pouquinho a cada um de nós", que "ele ganhava muito pouco e é como no caso do Paulo Macedo não há problema que eles ganhem dinheiro quando são tão competentes" [esta mistura de alhos c/ bugalhos deixou-me sem palavras]... perguntei se ele tivesse morto alguém se também podia ser reeleito dado tudo o que fez por Oeiras... senão, considerando tudo o que fez, até quanto é que pode roubar? Como se estabelece o limite?... Perguntei se o Pinto da Costa deveria ser perdoado por todos os portugueses atendendo a tudo o que fez pelo clube, pelo porto, e pelo país?... Acho que acharam que era um extra-terrestre... por mim fiquei a pensar que se pessoas com a elevada educação, posição social e juventude dos meus interlocutores pensam assim, ainda precisamos de aquirir muita maturidade como cidadãos para fazer o nosso país progredir...
...um dizia que era o Pina Moura era uma vergonha... primeiro por ter ido trabalhar para Iberdrola após ter descaradamente beneficiado essa empresa quando foi ministro... e depois por ter aceite o lugar na Prisa... e que no caso do Balsemão é diferente porque ele foi empresário de Media toda a vida, mesmo antes de ter entrado na política...
... passados uns minutos o mesmo colega dizia que a entrevista ao Sócrates na RTP1 foi uma vergonha... que os jornalistas estavam notoriamente muito mal preparados, deixando o 1º Ministro à vontade durante todo o trabalho... só haveria 2 explicações possíveis para este facto, ou foram incompetentes ou o governo exerceu a sua influência sobre a RTP...
... passado uns minutos expressei a minha estupefacção por todos nos queixarmos da corrupção reinante no nosso país mas não agirmos em conformidade... apontei como exemplo o caso de Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro, que apesar de serem suspeitos de práticas de corrupção durante os seus mandatos (ou no caso de VL no desempenho de outras funções de interesse público), foram reeleitos pelas populações de Oeiras, Felgueiras e Gondomar... responderam-me que no caso do Isaltino Morais, que era o que conheciam melhor, comprendiam o voto da população de Oeiras devido a tudo aquilo que o homem já fez pelo concelho... diziam-me que IM transformou Oeiras no concelho com melhor qualidade de vida em Portugal e que por isso as suas actividades corruptas podem ser relativizadas... que "no fundo receber luvas de empresários não é roubar o erário público", que "eles ganha tão pouco e fez tanto por Oeiras que é comprensivel que queira um pouco para ele", que "ele fez muito por Oeiras e o que ele roubou dá muito pouquinho a cada um de nós", que "ele ganhava muito pouco e é como no caso do Paulo Macedo não há problema que eles ganhem dinheiro quando são tão competentes" [esta mistura de alhos c/ bugalhos deixou-me sem palavras]... perguntei se ele tivesse morto alguém se também podia ser reeleito dado tudo o que fez por Oeiras... senão, considerando tudo o que fez, até quanto é que pode roubar? Como se estabelece o limite?... Perguntei se o Pinto da Costa deveria ser perdoado por todos os portugueses atendendo a tudo o que fez pelo clube, pelo porto, e pelo país?... Acho que acharam que era um extra-terrestre... por mim fiquei a pensar que se pessoas com a elevada educação, posição social e juventude dos meus interlocutores pensam assim, ainda precisamos de aquirir muita maturidade como cidadãos para fazer o nosso país progredir...
9.5.07
...
Era uma vez um miúdo que vivia numa longínqua aldeia lá para os lados da mais alta serra do país. Tão longínqua era a dita aldeia que ficava, digamos assim, longe de todas as outras aldeias e vilas e cidades do referido país. Na casa onde tinha nascido e na qual tinha passado todos mas mesmo todos os dias e noites da sua vida moravam também um gato muito muito velho a quem nunca ninguém se tinha lembrado de dar um nome, um cão um pouco mais novo mas ainda assim pró velhinho e que passava o seu tempo a coçar-se e a tentar lamber os próprios testículos, e um senhor de meia idade que desde há muito dava pelo nome de tio apesar de não ser tio de ninguém e muito menos do miúdo em questão. Na aldeia, cujo nome não sabemos porque já ninguém o pronunciava, não vivia vivalma, isto com a excepção do tio e do miúdo e do cão e do gato. Não havia escola, não havia café, casa do povo, parque infantil, junta de freguesia, enfim não havia nada daquilo que normalmente há numa aldeia e que acaba por ser aquilo que de facto torna uma aldeia em aldeia e não noutra coisa qualquer. Restava apenas um edifício quase podre com uma cruz no topo que denunciava ter sido em tempos uma igreja, ao lado da qual havia um campo salpicado de diversos amontoados de pedras que sugeriam ser este o local do antigo cemitério.
Em relação aos pais do miúdo e já agora em relação aos restantes habitantes da aldeia o único que poderia explicar o ocorrido era o tio mas mesmo o tio já não se lembrava bem à conta de já ter passado muito tempo e diga-se que mesmo que se lembrasse dificilmente poderia contar o estranho sucedido porque à força de não ter ninguém com quem falar também já não se lembrava de muitas das palavras ou sequer de como as organizar em frases.
Temos então em resumo, e para abreviar o intróito que já vai longo, um miúdo que poderia ter 7 ou 8 anos, mas também poderia ter mais ou até inclusivamente ter menos, e um tio.
Podíamos dizer que viviam um para o outro mas isso seria uma mentira e portanto diremos só que viviam cada um a sua vida e que à conta de morarem na mesma aldeia onde não havia mais ninguém, e na mesma casa onde para além deles só havia o cão e o gato, acabavam por se estar sempre a encontrar. Em qualquer outra aldeia daquele ou de qualquer outro país o tio seria considerado um maluquinho daqueles a quem as pessoas de bem dão esmolas em forma de moedas e de carcaças de pão, menos por pena e mais para parecerem pessoas de bem, mas naquela aldeia o tio era o único adulto e portanto reinava absoluto sobre todas as praças vazias. Deste modo, tudo aquilo que aliás era bem pouco mas adiante, que o miúdo sabia em termos das coisas e da linguagem das gentes tinha sido o tio a ensinar. Como o tio tinha esquecido ou decidido esquecer todos os conceitos que não fossem essenciais, o miúdo desconhecia o que era o bem e o mal, o céu e o inferno, a mentira e a verdade. Moral era coisa que aliás nem sequer se aplicava pela simples razão de que não havia ninguém para julgar nem quase ninguém para ser julgado.
Um dia, como não importa qual nem de que mês nem de ano chamemos-lhe então um qualquer dia-feira, um caixeiro-viajante que como o nome indica ganhava o pão saltando de aldeia em aldeia, perdeu-se tão perdido nas suas andanças pela serra que acabou por encontrar a aldeia desta história. Com uma carroça puxada por uma mula com ar de quem já tinha visto toda a terra até ao fim do mundo e arrebaldes, o caixeiro vendia de tudo um pouco, desde óleo de fígado de bacalhau, a pomadas e unguentos para todo o tipo de aflições mais ou menos comichosas das partes mais ou menos pudendas, passando por ervas para botar maus olhados, ervas para tirar maus olhados, óculos, monóculos, binóculos, dentaduras, dados, cartas, e mais uma catrafiada de coisas que na sua maior parte pareciam ter sido tiradas de caixotes do lixo. Lentamente, e diga-se que um tanto a quanto a medo, o estranho desfile de carroça, mula e caixeiro foi fazendo o seu caminho pelas ruas da aldeia, sob o olhar atento das ruínas das casas há muito desabitadas. Chegados à praça central bastou um pequeno grunhido do condutor para que a mula parasse. Surpreendido pela completa ausência de pessoas, o caixeiro reprimiu o instinto de se beliscar para confirmar se estava mesmo acordado e, em vez disso, limitou-se a olhar em volta. De repente, tanto assim que direi mesmo repentinamente, surgiu como que nascido das pedras da calçada o miúdo, logo seguido a curta distância pelo ritmo preguiçoso do cão e pelo ritmo desinteressado do gato. O curioso diálogo que se estabeleceu ali e então entre a incontinência verbal do caixeiro e os longos silêncios do miúdo foi ao mesmo tempo estranho e agradável para cada um deles. O caixeiro contente por poder finalmente falar com alguém sem estar a tentar vender-lhe nada e o miúdo contente por finalmente ouvir alguém falar. Foi de tal ordem a cumplicidade nascida entre os dois que quando o caixeiro decidiu que era tempo de partir e com um pequeno grunhido pôs a mula a andar, o miúdo que sempre tinha vivido naquela a mais longínqua das aldeias lá para os lados da mais alta das serras do país, começou a andar ao lado da carroça primeiro sem pensar muito nisso e depois já decidido a ir para não mais voltar. Ao longe, de uma das janelas de casa o tio observava em silêncio. Vendo que para além do miúdo também o cão e o gato, este aparentemente a contragosto, se preparavam para ir embora, levantou-se, sacudiu como pôde algumas das camadas de poeira que cobriam a sua roupa e lentamente, mas mesmo assim decidido, saiu de casa sem se preocupar sequer em bater a velha porta de madeira.
Ao percorrer pela última vez os únicos caminhos que tinha conhecido em toda a sua vida, os olhos do tio brilhavam e, pela primeira vez desde há muito muito tempo, ele estava finalmente feliz.
Em relação aos pais do miúdo e já agora em relação aos restantes habitantes da aldeia o único que poderia explicar o ocorrido era o tio mas mesmo o tio já não se lembrava bem à conta de já ter passado muito tempo e diga-se que mesmo que se lembrasse dificilmente poderia contar o estranho sucedido porque à força de não ter ninguém com quem falar também já não se lembrava de muitas das palavras ou sequer de como as organizar em frases.
Temos então em resumo, e para abreviar o intróito que já vai longo, um miúdo que poderia ter 7 ou 8 anos, mas também poderia ter mais ou até inclusivamente ter menos, e um tio.
Podíamos dizer que viviam um para o outro mas isso seria uma mentira e portanto diremos só que viviam cada um a sua vida e que à conta de morarem na mesma aldeia onde não havia mais ninguém, e na mesma casa onde para além deles só havia o cão e o gato, acabavam por se estar sempre a encontrar. Em qualquer outra aldeia daquele ou de qualquer outro país o tio seria considerado um maluquinho daqueles a quem as pessoas de bem dão esmolas em forma de moedas e de carcaças de pão, menos por pena e mais para parecerem pessoas de bem, mas naquela aldeia o tio era o único adulto e portanto reinava absoluto sobre todas as praças vazias. Deste modo, tudo aquilo que aliás era bem pouco mas adiante, que o miúdo sabia em termos das coisas e da linguagem das gentes tinha sido o tio a ensinar. Como o tio tinha esquecido ou decidido esquecer todos os conceitos que não fossem essenciais, o miúdo desconhecia o que era o bem e o mal, o céu e o inferno, a mentira e a verdade. Moral era coisa que aliás nem sequer se aplicava pela simples razão de que não havia ninguém para julgar nem quase ninguém para ser julgado.
Um dia, como não importa qual nem de que mês nem de ano chamemos-lhe então um qualquer dia-feira, um caixeiro-viajante que como o nome indica ganhava o pão saltando de aldeia em aldeia, perdeu-se tão perdido nas suas andanças pela serra que acabou por encontrar a aldeia desta história. Com uma carroça puxada por uma mula com ar de quem já tinha visto toda a terra até ao fim do mundo e arrebaldes, o caixeiro vendia de tudo um pouco, desde óleo de fígado de bacalhau, a pomadas e unguentos para todo o tipo de aflições mais ou menos comichosas das partes mais ou menos pudendas, passando por ervas para botar maus olhados, ervas para tirar maus olhados, óculos, monóculos, binóculos, dentaduras, dados, cartas, e mais uma catrafiada de coisas que na sua maior parte pareciam ter sido tiradas de caixotes do lixo. Lentamente, e diga-se que um tanto a quanto a medo, o estranho desfile de carroça, mula e caixeiro foi fazendo o seu caminho pelas ruas da aldeia, sob o olhar atento das ruínas das casas há muito desabitadas. Chegados à praça central bastou um pequeno grunhido do condutor para que a mula parasse. Surpreendido pela completa ausência de pessoas, o caixeiro reprimiu o instinto de se beliscar para confirmar se estava mesmo acordado e, em vez disso, limitou-se a olhar em volta. De repente, tanto assim que direi mesmo repentinamente, surgiu como que nascido das pedras da calçada o miúdo, logo seguido a curta distância pelo ritmo preguiçoso do cão e pelo ritmo desinteressado do gato. O curioso diálogo que se estabeleceu ali e então entre a incontinência verbal do caixeiro e os longos silêncios do miúdo foi ao mesmo tempo estranho e agradável para cada um deles. O caixeiro contente por poder finalmente falar com alguém sem estar a tentar vender-lhe nada e o miúdo contente por finalmente ouvir alguém falar. Foi de tal ordem a cumplicidade nascida entre os dois que quando o caixeiro decidiu que era tempo de partir e com um pequeno grunhido pôs a mula a andar, o miúdo que sempre tinha vivido naquela a mais longínqua das aldeias lá para os lados da mais alta das serras do país, começou a andar ao lado da carroça primeiro sem pensar muito nisso e depois já decidido a ir para não mais voltar. Ao longe, de uma das janelas de casa o tio observava em silêncio. Vendo que para além do miúdo também o cão e o gato, este aparentemente a contragosto, se preparavam para ir embora, levantou-se, sacudiu como pôde algumas das camadas de poeira que cobriam a sua roupa e lentamente, mas mesmo assim decidido, saiu de casa sem se preocupar sequer em bater a velha porta de madeira.
Ao percorrer pela última vez os únicos caminhos que tinha conhecido em toda a sua vida, os olhos do tio brilhavam e, pela primeira vez desde há muito muito tempo, ele estava finalmente feliz.
8.5.07
7.5.07
"gatos" mouros deprimentes
há quem lhe possa chamar criação artística, mas o que se assistiu ontem no programa " gatos fedorentos", foi uma reles tentativa de pressão aos árbitros portugueses quando faltam 2 jornadas para acabar o campeonato. Não sei se viram, mas na parte do programa que é reservada aos "tesourinhos deprimentes", um dos ditos "miaus" tentou, com base na repetição oral, fazer crer que efectivamente tinha havido golo naquele célebre Porto- benfica em que o Baia largou a bola. Á margem da "evidência" subjectiva do golo e do critério muito duvidoso da piada - se é, que havia algum propósito humorístico-, os ataques contínuos ao FCP, podem começar a denotar uma tendência falaciosa.
O critério, muito lato, da criação artística ou humorística, na escolha dos temas a abordar semanalmente, começa a revelar uma azia e uma indisposição mental reveladoras, mesmo para quem tem 7 vidas. Principalmente, depois de uma semana, em que no lado "iluminado" da segunda circular não faltaram coxos e incontinentes verbais.
O critério, muito lato, da criação artística ou humorística, na escolha dos temas a abordar semanalmente, começa a revelar uma azia e uma indisposição mental reveladoras, mesmo para quem tem 7 vidas. Principalmente, depois de uma semana, em que no lado "iluminado" da segunda circular não faltaram coxos e incontinentes verbais.
Eufemismos.
O departamento médico do Benfica diz que o Nuno Gomes sofre de "sinais de síndrome púbico", mas o país real que debita as verdades nos cafés enquanto bebe finos, come tremoços e palita os dentes, sabe que na realidade o gajo é mas é impotente para marcar golos.
Como já é tradição na instituição, também ele vai ser tratado na Alemanha porque está bom de ver que não há nada melhor para o pos-operatório que comer sauerkrat beber weissbier e ser apaparicado por uma enfermeira mamalhuda chamada Gretel.
Como já é tradição na instituição, também ele vai ser tratado na Alemanha porque está bom de ver que não há nada melhor para o pos-operatório que comer sauerkrat beber weissbier e ser apaparicado por uma enfermeira mamalhuda chamada Gretel.
6.5.07
Simplesmente...
eu sei que tacticamente tem muito para aprender. sei que o miúdo quase não defende. sei que por causa da lesão ainda lhe falta algum ritmo, sei que dá muitas vezes a ideia de que já não pode com uma gata pelo rabo, sei que desaparece do jogo durante largos períodos. mas também sei que vê-lo em corrida de cabeça levantada, sempre com a bola quase colada ao seu lindo pé esquerdo, tão alegre e despreocupado como se estivesse a jogar na rua com os amigos, enfim, isso é sal e salero, é cereja em cima do bolo, é lindo demais.
p.s.- até ao início do jogo ainda não tinha sido capaz de perceber o porquê da nomeação de um árbitro tão inexperiente para um dos jogos mais decisivos na luta pelo campeonato. mas ao intervalo, ou seja, com um golo e um penalty a menos para nós a juntar a uma série de cartões perdoados para eles , já não restavam dúvidas: mesmo careca e com outro nome, aquele senhor era sem dúvida o Lucíio Baptista.
4.5.07
A China.
Da edição da semana passada do Courrier Internacional...
Há décadas que a política dos EUA, e mais recentemente também da UE, em relação à China se baseia na premissa de que estimular o seu desenvolvimento económico vai resultar em alterações positivas no sistema político. Segundo um discurso de Bush ainda enquanto governador do Texas, "...a liberdade económica cria hábitos de liberdade. E os hábitos de liberdade suscitam expectativas de democracia".
Esta ideia parte da teoria do "mundo plano" de Thomas Friedman, a partir da qual é razoável esperar que se "eles" querem a mesma coisa que "nós" então "eles" vão tornar-se como "nós".
A isto, James Mann (apresentado como um especialista em relações sino-americanas) chama "a ilusão Starbucks", defendendo que não é por os chineses comerem no Mcdonald's ou beberem café da dita marca que o seu sistema político se tenderá a parecer com os nossos. Tudo porque a nova vaga de classe média urbana de chineses, principais beneficiários da situação actual, podem ter interesse em manter o regime como está evitando assim reformas políticas que possam alterar o status quo social e económico.
Quando os governos ocidentais escolhem fechar os olhos ao repressivo regime político chinês, ou aos seus milhares de condenados à morte (sendo que até crimes fiscais podem merecer esta pena...), ou ao recurso a mão-de-obra infantil, ou ao apoio chinês a ditadores como Mugabe, etc..., chamamos a isto pragmatismo político e vamos aceitando porque nos favorece economicamente e em parte porque acreditamos (ou dizemos acreditar...) que esta transigência vale a pena porque mais cedo ou mais tarde irá resultar numa democratização da China.
James Mann deixa no ar a inquietante hipótese de a China não mudar e assim se poder tornar num exemplo a seguir por outras países e ditaduras por esse mundo fora.
Há décadas que a política dos EUA, e mais recentemente também da UE, em relação à China se baseia na premissa de que estimular o seu desenvolvimento económico vai resultar em alterações positivas no sistema político. Segundo um discurso de Bush ainda enquanto governador do Texas, "...a liberdade económica cria hábitos de liberdade. E os hábitos de liberdade suscitam expectativas de democracia".
Esta ideia parte da teoria do "mundo plano" de Thomas Friedman, a partir da qual é razoável esperar que se "eles" querem a mesma coisa que "nós" então "eles" vão tornar-se como "nós".
A isto, James Mann (apresentado como um especialista em relações sino-americanas) chama "a ilusão Starbucks", defendendo que não é por os chineses comerem no Mcdonald's ou beberem café da dita marca que o seu sistema político se tenderá a parecer com os nossos. Tudo porque a nova vaga de classe média urbana de chineses, principais beneficiários da situação actual, podem ter interesse em manter o regime como está evitando assim reformas políticas que possam alterar o status quo social e económico.
Quando os governos ocidentais escolhem fechar os olhos ao repressivo regime político chinês, ou aos seus milhares de condenados à morte (sendo que até crimes fiscais podem merecer esta pena...), ou ao recurso a mão-de-obra infantil, ou ao apoio chinês a ditadores como Mugabe, etc..., chamamos a isto pragmatismo político e vamos aceitando porque nos favorece economicamente e em parte porque acreditamos (ou dizemos acreditar...) que esta transigência vale a pena porque mais cedo ou mais tarde irá resultar numa democratização da China.
James Mann deixa no ar a inquietante hipótese de a China não mudar e assim se poder tornar num exemplo a seguir por outras países e ditaduras por esse mundo fora.
1.5.07
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