e sempre tive alguma direi mesmo muita queda para no meio de um qualquer grupo ser o bobo de serviço ou pelo menos tentar, ou ser o centro das atenções ou pelo menos tentar, tendência esta clara e inequivocamente ligada a uma mal disfarçada forma de combater uma leve sensação de insegurança física que sempre me assaltou, talvez derivada primordialmente do facto de ter umas orelhas um bocado tipo dumbo e a certeza de que, um dia num futuro cada vez mais próximo, serei careca.
e vai daí essa tal queda para a palhaçada e também, é forçoso assumi-lo, o muito poucas vezes combatido hábito de transformar outro ou outros elementos do tal qualquer grupo em saco de pancada via gozação verbal, mania esta grandemente facilitada pela feliz e rara conjugação duma esperteza saloia algo destemperada mas temperada por doses pouco comuns de cinismo.
e apesar de ser um tipo pouco dado à introspecção sempre estive bem ciente da minha forma de ser ou melhor dizendo de estar e como sou um feroz partidário do lema não faças aos outros o que blá blá blá, dir-vos-ei sem grande receio de ser desmentido que apesar de ter sido e frequentemente continuar a ser muitas vezes exagerada e desbocadamente inapropriado, nunca em tempo ou lugar algum, alguém algum dia me viu ou ouviu reproduzir algo do estilo desbloqueadores de conversa idiotas do tipo então quando casas e então para quando é o primeiro e então para quando é o segundo e etc e tal e coisa e aí por diante.
e acho sinceramente que quando encontramos alguém com quem a nossa conversa acabou o ideal é assumir o silêncio e o seu desconforto.
e ,ou seja, explicando-me por palavras mais dadas a serem entendidas, serve este tipicamente longo intróito para vos dizer que estas frases mexem com os meus folículos mais pilosos porque revelam doses maciças de presunção, tanto própria como projectada.
sentimos todos, presunçosos ou não, uma pouco saudável necessidade de formatar e de enquadrar e de padronizar os outros com recurso a formas ou critérios mais ou menos morais e mais ou menos sociais, acção essa que naturalmente não gostamos de ver aplicada a nós próprios.
e dito isto, este post surge porque me ocorreu um desses conceitos muito batido e algo presunçoso, neste caso sobre o que significa ser pai, ou mãe já agora, e como essa condição é no fundo o maior risco possível porque encerra ao mesmo tempo o maior potencial imaginável de felicidade mas também de dor e como essa condição é em última análise a dolorosa tomada de consciência da realidade da morte.
os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse
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2 comentários:
na generalidade concordo com o que dizes,...
mas/e, após alguns anos de testemunhos presenciais desse teu poder de análise, de síntese, mas sobretudo de uma inteligência comunicativa (tanto oral como escrita) bem evidente (como aliás é bem demonstrativo no post), devo-te dizer (o que já te disse algumas vezes) que é pena, sem desprimor para o ofício, que não tenhas optado por outro "affair".
talvez numa próxima encarnação...
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