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1.7.06

A 1ª escolha, ou pelo menos uma das...

Um dos momentos mais marcantes na minha transição entre miúdo e adolescente, fase tantas vezes penosa e tão repleta de mini-dramas, foi a 1ª vez que tive oportunidade de comprar algo para mim, a possibilidade de escolher aquilo que verdadeiramente queria sem ter os meus pais ou outro adulto qualquer a olhar por cima do ombro (outra coisa que também marcou essa fase, com viscosos tons de amarelo purulento, foi a presença mais ou menos constante daquele fenómeno conhecido pelo terrífico nome de acne juvenil, entidade castradora da auto-estima e do sucesso com o sexo oposto).
Mas voltando ao início, que como se sabe é normalmente o lugar ideal para se começar, dizia eu que me marcou essa 1ª escolha, essa agradável sensação de estar sozinho numa loja repleta de gente, só eu e os 3 ou 4 contos que trazia nos bolsos das calças (que eram obviamente de ganga como está bom de ver depois de anos e anos em que só andava de calças de fato de treino). Era, a tal loja, cujo nome não recordo (Tubitek?) mas que morava na Praça D.Manuel I em pleno coração da baixa portuense, uma discoteca, saudosa recordação daquele longínquo passado em que as lojas só vendiam um tipo de artigo. A minha escolha na altura, na única oportunidade que tive, que qualquer um de nós tem para fazer a primeira escolha, recaiu sobre um fabuloso cd chamado "Morrison Hotel" daquela mítica banda the Doors. Quase 20 anos depois não deixa de ter algum significado que me lembre tão bem desse momento mas que não seja honestamente capaz de dizer qual foi o último cd que comprei, nem já agora quando isso aconteceu.
Entre amigos que sacam (belíssimo eufemismo) músicas da net e cd’s copiados directamente de originais que alguma avis rara tenha comprado, a minha motivação para gastar dinheiro nestes produtos é praticamente residual. É de facto difícil encarar a pirataria de cd’s, e já agora de DVD’s, como um crime a evitar, pela simplicidade do processo e porque toda a gente faz o mesmo (um pouco como acelerar quando o semáforo está amarelo).

continua...

5 comentários:

corto maltese disse...

Não querendo estragar uma boa estória com a verdade, permite-me que te sussurre baixinho ao ouvido em boa verdade da história: D. João I.

ab

andré raposo disse...

Concordo plenamente.

Ou o prazer que têm as coisas raras e difíceis de obter...

Corto, uma private joke, se estivessemos os dois num almbum do nosso amigo Pratt dizia-te agora:

"Corto, acho que te vou matar."

joana disse...

Era de facto a Tubitek, na Praça D. João I, colada a uma gelataria (D. Pasolini?? talvez não). Tb comprei lá o meu primeiro album - Dark side of the moon dos Pink Floyd.

wolverine disse...

corto pá,
não só tens razão como foste até deveras carinhoso ("sussure baixinho ao ouvido"!!!)

cas,
é sinal de muito bom gosto. Imagine-se a vergonha que não seria algum adulto que se tenha em boa conta ter que admitir que o 1º cd que comprou enquanto jovem tenha sido, por exemplo, o best of do Tony Carreira

joana disse...

mas, não disse há pouco, os Doors eram e hão-de ser sp a minha 1ª escolha.

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