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3.2.06

Liberdades, direitos e deveres


Como uma verdadeira Maria vai com as outras, não podia deixar de abordar a polémica da moda, sem sombra de dúvida, os cartoons representando o profeta Maomé, que escancararam a caixa de Pandora que é a eterna discussão da liberdade de expressão e se ela se compadece com a existência de limites.
Como o tema é melindroso optei por alterar o modus operandi que às vezes sigo e desta vez decidi informar-me/ler o mais possível sobre o assunto antes de emitir uma opinião.
Concordo com o conceito de que a liberdade de expressão é um valor fundamental e que é precisamente nos momentos em que alguém emite uma opinião ou tem uma atitude que levanta grande polémica ou é até criticada pela "maioria", que se torna mais importante a defesa deste direito e desta conquista civilizacional.
No entanto, e como em tudo na vida, lado a lado com a possibilidade de exercer um direito vive o conceito de dever e de responsabilidade. No tema em apreço, há factores que me parece essencial considerar. O jornal dinamarquês que originalmente publicou os cartoons acompanhou-os de um editorial em que se dizia que os muçulmanos se tinham que habituar a que numa sociedade laica, livre expressão implica conviver com tudo, até com acções que podem "desafiar, blasfemar e humilhar o islão".
Os cartoons fariam assim parte de uma campanha aparentemente destinada a educar os muçulmanos, ensinando-os a viver numa sociedade plural e a respeitar o direito à opinião, por mais errada ou ofensiva que ela possa parecer.
Como a religião muçulmana, ou pelo menos a maioria dos seus líderes e praticantes, nunca demonstrou a mínima capacidade de encaixe perante actos que considerem contrários ou ofensivos aos seus preceitos (aliás tal como o judaísmo...) ninguém pode invocar surpresa pela dimensão e magnitude das reacções. No contexto actual, em que vivemos praticamente num clima de choque de civilizações/religiões, acho a publicação dos cartoons um acto irresponsável e contra-producente. Legítimo, sim, mas ainda assim revelador de evidente falta de bom senso, agravada por não ser facilmente perceptível aquilo que se pretenderia atingir.

Escusado será dizer que as ameaças prontamente levantadas pela "rua" muçulmana são, aos olhos de um ocidental, inaceitáveis e não devem passar sem condenação.
Se qualquer um dos governos dos países em que um ou mais jornais publicaram os cartoons, vier a pedir desculpa por um acto em que não teve nem responsabilidade nem direito de inerência, estará a criar um precedente muito perigoso.


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