os quatro elementos da natureza os quatro pilares da sabedoria os quatro atributos do corpo os quatro cavaleiros do apocalipse

23.1.06

Notas soltas sobre as eleições


1- Tal como se esperava e de acordo com todas as sondagens dos últimos meses, Cavaco ganhou à primeira. O facto de ter sido por apenas 0,59% (ou dito de outra forma, o facto de ter tido apenas mais 64 mil votos que toda a esquerda unida) não lhe retira legitimidade, mas não lhe dá a margem de manobra que uma vitória mais expressiva lhe garantiria. Fica a certeza que só ganhou à 1ª graças ao apoio do partido que tratava por "o outro".

2- Alegre obteve um claro 2º lugar (com mais de 1 milhão de votos!), contando com aqueles que se identificaram com o seu programa/discurso, mas também capitalizando, graças a algum populismo, descontentamentos vários: os zangados com Sócrates, os zangados com Soares, os zangados com os polvos partidários, os zangados com Cavaco, os saudosos de Abril e dos discursos de invocação do amor à Pátria.

3- Soares, com os seus 14,3%, tem um resultado que não diminuindo em nada a sua importância para a história do país, mostra aos que ainda tinham dúvidas que os mitos também se abatem. Pagou a factura de não ter percebido que o seu tempo já passou, pagou o desgaste da sua exposição pública nos últimos anos (com opiniões cada vez mais longe do centrão que decide eleições), pagou o facto ser um candidato colado a um governo que tem adoptado medidas difíceis, pagou ,ainda e principalmente, pelos erros de Sócrates e do PS no processo de escolha do candidato. Foi castigado por uma campanha demasiado pró-negativa e demasiado centrada em Cavaco.

4- Em pouco mais de 1 ano, e depois de uma década de líderes moles e pouco carismáticos, os portugueses elegeram primeiro Sócrates e agora Cavaco, dois homens que pelo autoritarismo e pragmatismo (ou será aversão a ideologias?...) que demonstram parecem ser mais parecidos um com o outro do que aquilo que se calhar gostariam de admitir. Tendo em conta que na realidade ambos estão em início de mandato, as ambições legítimas (e óbvias) de assegurarem a reeleição irão provavelmente garantir um clima de estabilidade, já que o sucesso de um implica o sucesso do outro.


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